segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A norma oculta, de Bagno.


 A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira
Marcos Bagno, em seu livro A norma oculta: língua e poder na sociedade brasileira, traz reflexões profundas do cotidiano da língua portuguesa e seus falantes.
Logo no primeiro capítulo intitulado Por que “norma”? por que “culta”? Bagno elucida o que vem a ser norma, traçando um quadro comparativo das duas vertentes deste substantivo, a saber, normal e normativo, sendo um o real e o outro o ideal, respectivamente. O termo culto refere-se ao estrato social de quem se atribui o falar rebuscado da literatura de “não se sabe quem”. Aquilo que não faz parte desta estratificação é estereotipado como “erro”.
Importa também salientar que no falar privilegiado da população há um distanciamento do português-padrão, marcado aqui como norma padrão (ideal). Maior distanciamento é perceptível entre este e as variedades estigmatizadas.
E são estes os termos utilizados por sociolinguistas para caracterizar a língua em relação à sociedade brasileira: padrão (tradição gramatical); prestígio (falantes com escolaridade superior completa); e estigma (norma popular – “inculta”, “estropiada”).
Vale ressaltar que esta estratificação tem mais que ver com a posição social dos falantes que propriamente o falar em si. Argumento este embasado nos termos supracitados: o falar privilegiado está longe de ser a norma ideal (padrão), porém construções consideradas “erros crassos” quando cometidos por falantes estigmatizados não são consideradas tão “erradas” assim quando realizada por falantes de prestígio.
No último capítulo que intitula a obra de Bagno, Norma oculta, aponta uma discriminação não explícita por trás do disfarce linguístico, a discriminação social. Pode-se então contemplar que Bagno instiga o leitor a questionar o excesso de conservadorismo, examinar a língua e remover o rótulo de “erro” aplicado à fala.

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