sábado, 16 de fevereiro de 2013

ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL



O ensino da Língua Portuguesa no Brasil tem sido pauta de estudos há décadas, como mostrado por Beatriz Santomauro na Revista Nova Escola online. Nesta e outras reportagens Santomauro elucida, o que se pode perceber, a transformação ou mudança do enfoque do que se ensinar ou como abordar a língua. Cabe aqui citar a relação de competências que importa os alunos adquirirem até terminar os ciclos básicos da educação, uma lista longe do real aprendizado, chamados pela autora de “expectativas de aprendizagem”.
Em relação à realidade das salas de aulas, o ensino com base construtivista, proposta mais recente, ainda trata-se de um ideal. Na atualidade se falam de gramáticos e linguistas como grupos opostos que lutam por visão diferente do que é a língua e o seu ensino. Um exemplo dessa diferenciação pode ser visto no Dossiê por uma vida melhor, uma defesa do ensino interativo do contexto do aluno, mal interpretada por leigos e gramáticos como um ataque a “Língua Portuguesa” padrão. Apesar de a proposta construtivista existir antes da década de 80, sua aplicação ainda esta longe de ser concreta nas redes de ensino do país inteiro. De certo o ponto abordado aqui não é quando isto acontecerá por inteiro, mas as mudanças de enfoque.
Ainda se entende que o ensino de Língua Portuguesa seja repleto tão somente de nomenclaturas e classificações gramaticais, o que Irandé Antunes, em seu livro Aula de português: encontro & interação, chama “inócuo”. O português que se ensina dista da linguagem do aluno e como uma prática artificial discursiva, torna o ensino impessoal e o português uma linguagem escolar apenas. Carlos Drummond de Andrade, em seu poema Aula de Português, ratifica essa realidade:

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.

[...]

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.


Parafraseando Almeida (1997), Antunes (2003) sugere, nesse contexto de ensino, que:

Enquanto o professor de português fica apenas analisando se o sujeito é “determinado” ou “indeterminado”, por exemplo, os alunos ficam privados de tomar consciência de que ou eles se determinam a assumir o destino de suas vidas ou acabam todos, na verdade, “sujeitos inexistentes”. (ANTUNES, 2003).


Depende de o professor diminuir o descompasso entre o aluno e a Língua. E cabe a ele propor diversidade no ensino dos gêneros textuais, com textos variados, contemplando a realidade linguística do educando e ampliando seu conhecimento da Língua Portuguesa.


Referências bibliográficas

ANDRADE, Carlos Drummond de. Aula de português. Disponível em: < http://drummond.memoriaviva.com.br/alguma-poesia/aula-de-portugues/>. Acesso em 08 fevereiro  2013.

ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BAGNO, Marcos et al. Por uma vida melhor. Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/proling/images/stories/Dossi_da_polmica_-_livro_Por_uma_vida_melhor.pdf>. Acesso em 24 setembro 2012.

SANTOMAURO, Beatriz. O que ensinar em língua portuguesa. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/papel-letras-interacao-social-432174.shtml>. Acesso em 25 janeiro 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário