O ensino da Língua Portuguesa no Brasil tem sido pauta de
estudos há décadas, como mostrado por Beatriz Santomauro na Revista Nova Escola
online. Nesta e outras reportagens Santomauro elucida, o que se pode perceber,
a transformação ou mudança do enfoque do que se ensinar ou como abordar a
língua. Cabe aqui citar a relação de competências que importa os alunos
adquirirem até terminar os ciclos básicos da educação, uma lista longe do real
aprendizado, chamados pela autora de “expectativas de aprendizagem”.
Em relação à realidade das salas de aulas, o ensino com
base construtivista, proposta mais recente, ainda trata-se de um ideal. Na
atualidade se falam de gramáticos e linguistas como grupos opostos que lutam
por visão diferente do que é a língua e o seu ensino. Um exemplo dessa
diferenciação pode ser visto no Dossiê
por uma vida melhor, uma defesa do ensino interativo do contexto do aluno,
mal interpretada por leigos e gramáticos como um ataque a “Língua Portuguesa”
padrão. Apesar de a proposta construtivista existir antes da década de 80, sua
aplicação ainda esta longe de ser concreta nas redes de ensino do país inteiro.
De certo o ponto abordado aqui não é quando isto acontecerá por inteiro, mas as
mudanças de enfoque.
Ainda se entende que o ensino de Língua Portuguesa seja
repleto tão somente de nomenclaturas e classificações gramaticais, o que Irandé
Antunes, em seu livro Aula de português:
encontro & interação, chama “inócuo”. O português que se ensina dista
da linguagem do aluno e como uma prática artificial discursiva, torna o ensino
impessoal e o português uma linguagem escolar apenas. Carlos Drummond de
Andrade, em seu poema Aula
de Português, ratifica essa realidade:
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
[...]
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
Parafraseando Almeida (1997), Antunes (2003) sugere,
nesse contexto de ensino, que:
Enquanto o professor de português fica apenas analisando se o
sujeito é “determinado” ou “indeterminado”, por exemplo, os alunos ficam
privados de tomar consciência de que ou eles se determinam a assumir o destino
de suas vidas ou acabam todos, na verdade, “sujeitos inexistentes”. (ANTUNES,
2003).
Depende de o professor diminuir o
descompasso entre o aluno e a Língua. E cabe a ele propor diversidade no ensino
dos gêneros textuais, com textos variados, contemplando a realidade linguística
do educando e ampliando seu conhecimento da Língua Portuguesa.
Referências bibliográficas
ANDRADE,
Carlos Drummond de. Aula de português. Disponível em: < http://drummond.memoriaviva.com.br/alguma-poesia/aula-de-portugues/>.
Acesso em 08 fevereiro 2013.
ANTUNES,
Irandé. Aula de Português: encontro & interação. São Paulo: Parábola
Editorial, 2003.
BAGNO,
Marcos et al. Por uma vida melhor.
Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/proling/images/stories/Dossi_da_polmica_-_livro_Por_uma_vida_melhor.pdf>.
Acesso em 24 setembro 2012.
SANTOMAURO,
Beatriz. O que ensinar em língua
portuguesa. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/papel-letras-interacao-social-432174.shtml>.
Acesso em 25 janeiro 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário