O CASO DOS SENTIMENTOS
ROUBADOS (ATO ÚNICO)
Tarde da noite, um
travesseiro recebe três amigos e uma queixa:
TRAVESSEIRO: não
compreendo... da última vez que nos encontramos estava tudo bem...
CORAÇÃO: Ah travesseiro
nem direito sei como aconteceu...
TRAVESSEIRO: havíamos feito
projetos para essa noite e prometemos que juntos teríamos bons sonhos.
CÉREBRO: espera um
momento sonhos como os que foram feitos não é projeto meu.
TRAVESSEIRO: Também me
lembro que vocês me disseram que nunca mais eu seria molhado.
OLHO: desculpe-me
amigo, dessa vez não pude evitar.
TRAVESSEIRO: alguém me
diga o que aconteceu, então.
OLHO: bem, não sei te
dizer como tudo começou, estava fechado, nada pude ver.
CORAÇÃO: fui enganado
travesseiro, estou quebrado, outra vez, travesseiro.
CÉREBRO: não me culpem
por não estar alerta, eu fui logo desligado quando o olho se abriu...
OLHO: ei! Também fui
enganado, não fui treinado para aquele tipo de negócio, nem sabia que era possível.
CORAÇÃO: ouçam, ouçam: nessa
manhã estava distraído com todas as coisas que pensamos fazer; com todos os
sentimentos que estávamos cultivando, vocês sabem: a auto-estima, o amor
próprio, a esperança, a...
CÉREBRO: como sempre
você estava distraído cheio de coisas!
CORAÇÃO: não me culpe
por estar cheio de coisas e deixe de ser tão crítico!
TRAVESSEIRO: Cérebro
deixe o coração continuar! Quero ouvi-lo.
CORAÇÃO: ...como estava
dizendo: a autoconfiança, quando ouvi uma voz melodiosa que cantava ao ouvido,
vinha do ouro lado da escada.
OLHO: bem acho que foi
bem aqui que eu abri e vi aqueles olhos me olhando e o lindo sorriso.
CÉREBRO: E bem aqui me
desligaram!
TRAVESSEIRO: Cérebro?!
CORAÇÃO: não dei muito
crédito ao que ouvi, estava feliz, confiante, então não achei que deveria me
prevenir de nada nem conversar com ninguém sobre isso...
TRAVESSEIRO: e o olho
não estava aberto? Ele não percebeu nada de estranho?
Coração suspira
triste...
CORAÇÃO: o olho nunca
tinha visto sorriso mais lindo...
CÉREBRO: e ninguém se
lembra de mim quando é preciso.
TRAVESSEIRO: e depois,
o que aconteceu Coração?
CORAÇÃO: bem, achei que
resistiria, mas fui cedendo espaço...
Pausa e silêncio
CORAÇÃO: um a um meus
novos sentimentos foram por ele levados. Então, trocando minha autoconfiança
pela confiança nele, o meu amor próprio substitui pelo amor a ele e as
promessas dele se tornaram minha esperança.
CÉREBRO: dois
parágrafos de conversa e ele já vem falando de amor.
TRAVESSEIRO: deixe que
ele continue.
CORAÇÃO: infelizmente
não durou muito e no fim da tarde as promessas se quebraram. Ele foi embora
sorrateiramente com tudo o que era meu e eu.
CÉREBRO: Ah, mas não
foi só isso!
TRAVESSEIRO: E já não seria
suficiente?
CORAÇÃO: não, ele não
se contentou em ir deixou os sentimentos dele aqui.
TRAVESSEIRO: então ele
chegou, brincou e quando você se apegou ele foi embora?
CORAÇÃO: foi bem assim
que aconteceu...
CÉREBRO: E só aí que me
ligaram de novo, quando o estrago tinha acontecido.
Com tom irônico...
CÉREBRO: Quase canto
aquela música “eu bem que te avisei”! Amanhã vê se me deixa ligado e me escuta.
JLS
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