domingo, 2 de junho de 2013

TEXTO DRAMÁTICO - Oficina de Escrita Criativa

O CASO DOS SENTIMENTOS ROUBADOS (ATO ÚNICO)

Tarde da noite, um travesseiro recebe três amigos e uma queixa:
TRAVESSEIRO: não compreendo... da última vez que nos encontramos estava tudo bem...
CORAÇÃO: Ah travesseiro nem direito sei como aconteceu...
TRAVESSEIRO: havíamos feito projetos para essa noite e prometemos que juntos teríamos bons sonhos.
CÉREBRO: espera um momento sonhos como os que foram feitos não é projeto meu.
TRAVESSEIRO: Também me lembro que vocês me disseram que nunca mais eu seria molhado.
OLHO: desculpe-me amigo, dessa vez não pude evitar.
TRAVESSEIRO: alguém me diga o que aconteceu, então.
OLHO: bem, não sei te dizer como tudo começou, estava fechado, nada pude ver.
CORAÇÃO: fui enganado travesseiro, estou quebrado, outra vez, travesseiro.
CÉREBRO: não me culpem por não estar alerta, eu fui logo desligado quando o olho se abriu...
OLHO: ei! Também fui enganado, não fui treinado para aquele tipo de negócio, nem sabia que era possível.
CORAÇÃO: ouçam, ouçam: nessa manhã estava distraído com todas as coisas que pensamos fazer; com todos os sentimentos que estávamos cultivando, vocês sabem: a auto-estima, o amor próprio, a esperança, a...
CÉREBRO: como sempre você estava distraído cheio de coisas!
CORAÇÃO: não me culpe por estar cheio de coisas e deixe de ser tão crítico!
TRAVESSEIRO: Cérebro deixe o coração continuar! Quero ouvi-lo.
CORAÇÃO: ...como estava dizendo: a autoconfiança, quando ouvi uma voz melodiosa que cantava ao ouvido, vinha do ouro lado da escada.
OLHO: bem acho que foi bem aqui que eu abri e vi aqueles olhos me olhando e o lindo sorriso.
CÉREBRO: E bem aqui me desligaram!
TRAVESSEIRO: Cérebro?!
CORAÇÃO: não dei muito crédito ao que ouvi, estava feliz, confiante, então não achei que deveria me prevenir de nada nem conversar com ninguém sobre isso...
TRAVESSEIRO: e o olho não estava aberto? Ele não percebeu nada de estranho?
Coração suspira triste...
CORAÇÃO: o olho nunca tinha visto sorriso mais lindo...
CÉREBRO: e ninguém se lembra de mim quando é preciso.
TRAVESSEIRO: e depois, o que aconteceu Coração?
CORAÇÃO: bem, achei que resistiria, mas fui cedendo espaço...
Pausa e silêncio
CORAÇÃO: um a um meus novos sentimentos foram por ele levados. Então, trocando minha autoconfiança pela confiança nele, o meu amor próprio substitui pelo amor a ele e as promessas dele se tornaram minha esperança.
CÉREBRO: dois parágrafos de conversa e ele já vem falando de amor.
TRAVESSEIRO: deixe que ele continue.
CORAÇÃO: infelizmente não durou muito e no fim da tarde as promessas se quebraram. Ele foi embora sorrateiramente com tudo o que era meu e eu.
CÉREBRO: Ah, mas não foi só isso!
TRAVESSEIRO: E já não seria suficiente?
CORAÇÃO: não, ele não se contentou em ir deixou os sentimentos dele aqui.
TRAVESSEIRO: então ele chegou, brincou e quando você se apegou ele foi embora?
CORAÇÃO: foi bem assim que aconteceu...
CÉREBRO: E só aí que me ligaram de novo, quando o estrago tinha acontecido.
Com tom irônico...
CÉREBRO: Quase canto aquela música “eu bem que te avisei”! Amanhã vê se me deixa ligado e me escuta.

  JLS

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