A DANÇA DOS NUMERAIS
Não foi por acaso que eu estive lá naquela primavera de
setembro. A carta trazia como remetente somente a caixa postal 11. Fazia um vento suave na
varanda da casa amarela da Rua Tal, número DUZENTOS E OITENTA E NOVE.
A carta datava PRIMEIRO DE OUTUBRO DE DOIS MIL E TREZE e não pude esconder minha surpresa. Rasguei o envelope, mas empurrei somente UM QUATORZE AVOS da carta para fora. Vi nesse primeiro instante algo que me chamou atenção: uma data. O que haveria acontecido no ano de MIL NOVECENTOS E CINQUENTA E SETE? Retirando mais DOIS TERÇO da folha para fora vi que a letra estava trêmula e parecia ter sido escrita por uma pessoa idosa que talvez tivesse o NÔNUPLO de minha idade: vinte e um anos SINGELOS eu tinha no momento. AMBAS idades são especiais, e mesmo que esta pessoa tivesse o UNDÉCUPLO de minha idade, a atenção com a qual eu leria esta carta seria a mesma. Porém para a minha surpresa não se tratava de alguém tão velho, reconheci que aquela letra trêmula era a de minha irmã. Ela dizia, através daquelas linhas que estava muito doente e fraca, e que precisava ser submetida a uma cirurgia que custava R$900,00.
Ela possuía só alguns poucos reais e com algumas doações ela conseguiria o DOBRO desse valor, mas ainda faltava 400 reais. Comovida resolvi lhe enviar uma quantia considerável que correspondia o TRIPLO do meu salário mensal, valor que obtive com a venda de uma pintura guardada por muitos anos em minha casa, que segundo alguns, pertenceu ao REI NEIMAR ONZE.
com QZ COSTA
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